Ainda quando um feto
bem menor que a espera
de alguém que tanto paquera
uma flor desabochar
já tinha o nome Dandára
pela raça e pela guerra
e o sonho que um dia ela
seja assim tão camarada
como foram grandes nomes
e outros que ainda vivem
ideias e passos firmes
em nome da liberdade.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Texto para uma separação

Olhe aqui, olhos de azeviche
vamos acertar as contas
porque é no dia de hoje
que cê vai embora daqui.
Mas antes...
quer me devolver o equilíbrio?
Quer se tocar, e botar o meu marca-passo pra consertar?
Quer me deixar na minha?
Quer tirar as mãos de dentro da minha calcinha?
Olhe aqui, olhos de azeviche:
quer parar de saxdoer no meu rádio?
Quer parar de torcer pro meu fim,
dentro do meu próprio estádio?
Espera aí, não vai sair assim...
Antes, quer ter a delicadeza de colar o meu espelho?
Isso. Agora fica de joelhos
e começa a cuspir todos os meus beijos.
Isso! Agora recolhe.
Engole a farta coreografia dessas línguas.
Varre com a língua todos esses anseios.
Não haverá mais filho,
pulsações, impulsos sexuais.
Hoje eu me suicido ingerindo sete caixas de anticoncepcionais.
Trata-se de um despejo.
Dedetize essa chateação que a gente chamou de desejo.
E leva também esses presentes que você me deixou.
Quer dizer, essa cara de pau, essa textura de verniz.
Tira de mim esse sentimento de penetração,
esse modo com que você me quis.
Esses ensaios de idas e voltas.
Essa esfregação.
Esse bob wilson erotizado
que a gente chamou de tesão.
E agova vai.
Ah não! Espera aí, última revista:
leva também aquela bobagem bobagem que você chamou
de amor à primeira vista.
E agora pode partir!
Pode ir que eu estou calma. Quero ficar sozinha
eu c'oa minha alma. Agora pode ir.
Gente! Cadê minha alma que estava aqui?

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